sábado, 18 de abril de 2009

Se os Tubarões fossem homens!

Se os tubarões fossem homens, perguntou a filha de sua senhoria ao senhor K., seriam eles mais amáveis para com os peixinhos? Certamente, respondeu o Sr. K. Se os tubarões fossem homens, construiriam no mar grandes gaiolas para os peixes pequenos, com todo tipo de alimento, tanto animal quanto vegetal. Cuidariam para que as gaiolas tivessem sempre água fresca e adoptariam todas as medidas sanitárias adequadas. Se, por exemplo, um peixinho ferisse a barbatana, ser-lhe-ia imediatamente aplicado um curativo para que não morresse antes do tempo. Para que os peixinhos não ficassem melancólicos haveria grandes festas aquáticas de vez em quando, pois os peixinhos alegres têm melhor sabor do que os tristes. Naturalmente haveria também escolas nas gaiolas. Nessas escolas os peixinhos aprenderiam como nadar alegremente em direcção à goela dos tubarões. Precisariam saber geografia, por exemplo, para localizar os grandes tubarões que vagueiam descansadamente pelo mar. O mais importante seria, naturalmente, a formação moral dos peixinhos. Eles seriam informados de que nada existe de mais belo e mais sublime do que um peixinho que se sacrifica contente, e que todos deveriam crer nos tubarões, sobretudo quando dissessem que cuidam de sua felicidade futura. Os peixinhos saberiam que este futuro só estaria assegurado se estudassem docilmente. Acima de tudo, os peixinhos deveriam rejeitar toda tendência baixa, materialista, egoísta e marxista, e denunciar imediatamente aos tubarões aqueles que apresentassem tais tendências. Se os tubarões fossem homens, naturalmente fariam guerras entre si, para conquistar gaiolas e peixinhos estrangeiros. Nessas guerras eles fariam lutar os seus peixinhos, e lhes ensinariam que há uma enorme diferença entre eles e os peixinhos dos outros tubarões. Os peixinhos, proclamariam, são notoriamente mudos, mas silenciam em línguas diferentes, e por isso não se podem entender entre si. Cada peixinho que matasse alguns outros na guerra, os inimigos que silenciam em outra língua, seria condecorado com uma pequena medalha de sargaço e receberia uma comenda de herói. Se os tubarões fossem homens também haveria arte entre eles, naturalmente. Haveria belos quadros, representando os dentes dos tubarões em cores magníficas, e as suas goelas como jardins onde se brinca deliciosamente. Os teatros do fundo do mar mostrariam valorosos peixinhos a nadarem com entusiasmo rumo às gargantas dos tubarões. E a música seria tão bela que, sob os seus acordes, todos os peixinhos, como orquestra afinada, a sonhar, embalados nos pensamentos mais sublimes, precipitar-se-iam nas goelas dos tubarões. Também não faltaria uma religião, se os tubarões fossem homens. Ela ensinaria que a verdadeira vida dos peixinhos começa no paraíso, ou seja, na barriga dos tubarões. Se os tubarões fossem homens também acabaria a ideia de que todos os peixinhos são iguais entre si. Alguns deles se tornariam funcionários e seriam colocados acima dos outros. Aqueles ligeiramente maiores até poderiam comer os menores. Isso seria agradável para os tubarões, pois eles, mais frequentemente, teriam bocados maiores para comer. E os peixinhos maiores detentores de cargos, cuidariam da ordem interna entre os peixinhos, tornando-se professores, oficiais, polícias, construtores de gaiolas, etc. Em suma, se os tubarões fossem homens haveria uma civilização no mar.Bertold Brecht

segunda-feira, 13 de abril de 2009

INCENART


Hoje o incenart passou pela primeira "prova de fogo" !
enquanto ensaiamos pro nosso espetáculo,topamos fazer pequenas apresentações, e a primeira delas foi uma pantomima..O que é bastante dificil,pois o grupo não estuda pantomima, e a arte da mimica exige um tempo de estudo,de conhecimento,e enfim, como estamos no começo,estamos sempre dispostos a ousar, inovar, e arriscar as possibilidades,estavámos ansiosos,pois foi a primeira vez que o grupo entrou em um palco junto,a experiência foi incrível e única, apesar de não ser o nosso espetáculo,foi tão grandioso quanto,com um significado enorme, e que com toda certeza vai ficar registrado na historia do grupo.

sábado, 11 de abril de 2009

A alma boa de Setsuan


A Alma boa De Setsuan é uma obra de Bertolt Brecht( Seus trabalhos artísticos e teóricos influenciaram profundamente o teatro contemporâneo)A peça teve a direção de Marco Antônio Braz,e foi realizada pelos atores do Círculo de comediantes,e a atriz Denise Fraga!O espetáculo esteve em cartaz nos dias 10 e 11 de Abril no Theatro José de Alencar em Fortaleza,o elenco contou com a participação de atores excelentes,tais como:Ary França,Cláudia Mello, entre outros atores talentosos..
A peça é uma metáfora,passada em uma província imaginada de uma China fabulosa,e nos faz refletir sobre a natureza do bem e do mal, e suas consequências no cotidiano das relações humanas.Como fazer o bem a si mesmo e aos outros ao mesmo tempo?Devo reconhecer que a lição que a peça transmite no final, é interessante,pois afirma que ninguém consegue ser totalmente bom, sem prejudicar outro alguém ou a si mesmo,mas percebi algumas falhas que pra mim são inadmissiveis num espetáculo de teatro,como atores conversando no palco,embora não tivessem no foco,creio que deveriam ter permanecido em seu papel.O tempo do espetáculo também se estende muito,tornando-o cansativo,se tivessem selecionado as principais cenas,teria ficado melhor,mas fora isso a lição passada por Brecht, e os atores da peça estão de parabéns pela obra e atuação!

ENCANTRAGO


No dia 08 de Abril de 2009, tive a oportunidade de assistir, ENCANTRAGO - ver de Rosa um Ser tão, com o grupo EXPRESSÕES HUMANAS, E O TEATRO VITRINE, no projeto PALCO GIRATÓRIO,realizado pelo SESC em todo o Brasil,o projeto traz 32 espetáculos, de várias capitais do nosso País, grupos que trazem consigo a verdadeira essência do Teatro Brasileiro.

ENCANTRAGO,trouxe um mergulho no coração do Brasil, uma aventura no mundo sertanejo, e a encantada vastidão do homem,entrando em um universo rico em crenças populares,resgatando rituais,mitos e costumes!O que me cativou na peça foi o intuito de aproximar atores e público, de maneira que as ações remetem á origem do teatro,e deixam o espetáculo dinâmico e interativo,deixando o público na espera dos acontecimentos, e surpresos com cada ato.

Realmente foi um espetáculo cheio de emoções,que me fez refletir sobre o mundo no Sertão, como as coisas são feitas, e como as crenças e os rituais são presenças fortes nesse tipo de região.

Valeu muito a pena, e foi mais uma prova de que o Teatro Cearense merece ser apreciado e reconhecido.